Eu amo ler sobre finanças pessoais. E não faço isso como uma obrigação. É realmente o tipo de leitura que eu curto.
Mas, recentemente, tenho feito um esforço para ler outras coisas, incluindo ficção. Talvez seja uma necessidade de mudar um pouco os ares, já que o universo financeiro agora não ocupa mais um espaço de (somente) interesse pessoal. O tema extrapolou essa fronteira e se tornou uma profissão.
Contudo, hoje não estou aqui para falar sobre isso, e sim para indicar um livro que concluí recentemente e A-DO-REI. E não, ele não é de finanças. Tampouco tem qualquer viés de autoajuda (me julguem, mas eu curto – existem alguns livros muito bons nessa categoria).
Trata-se de um romance, 100% ficção. Anota aí a dica que vale a pena: A Biblioteca da Meia Noite, de Matt Haig.
No início, o livro começa “pesadinho” e a sinopse já traz o porquê:
“Após ser demitida e seu gato ser atropelado, Nora vê pouco sentido em sua existência e decide colocar um ponto final em tudo. Porém, quando se vê na Biblioteca da Meia-Noite, Nora ganha uma oportunidade única de viver todas as vidas que poderia ter vivido.”
Ou seja, é sobre querer colocar um ponto final em tudo. Contudo, porém, todavia... com uma abordagem bem diferente. Ao invés de focar no prisma do ponto final, ele aborda como seria se tivéssemos segundas chances. Ou melhor, como seriam as infinitas possibilidades da vida de Nora, a personagem principal.
Acredite, ele não é pesado ou deprê. Uma vez ultrapassadas as primeiras páginas, a narrativa fica suuuuper leve e prendeu minha atenção do início ao fim. Mas mais do que isso: me fez refletir sobre a vida com nuances que nunca havia pensado antes.
Ainda que não traga nenhum conceito financeiro, realmente acho que esse livro tem tudo a ver com Independência Financeira. A consciência da jornada é o que, normalmente, nos preenche. A tal linha de chegada importa. Porém, ela dificilmente terá valido a pena se não estivermos atentas ao processo e ao momento presente.
Erros e acertos fazem parte da vida de qualquer pessoa... Mas o que pode nos paralisar é um arrependimento, muitas vezes infundado, do “e se eu tivesse feito tal coisa...?”. No labirinto da vida, não existe retorno. E é justamente isso que a torna tão especial.
Deixo abaixo alguns trechos do livro que me marcaram (não contém spoiler):
Ser humano é resumir o mundo continuamente em uma história compreensível que mantém as coisas simples. Ela sabia que tudo o que os seres humanos veem é uma simplificação. Uma pessoa enxerga o mundo em três dimensões. Isso é uma simplificação. Os seres humanos são fundamentalmente criaturas limitadas e generalizadoras, vivendo no piloto automático, que tornam retas as ruas curvas em sua mente, o que explica porque se perdem o tempo todo”.
Existem padrões na vida...Ritmos. (...) As coisas seriam bem mais fáceis se a gente entendesse que não existe um certo modo de viver que nos torne imune à tristeza. E que a tristeza é parte intrínseca do tecido da felicidade. Não dá pra ter uma sem a outra. Obviamente, elas veem em diferentes graus e doses. Mas não há uma vida sequer em que a pessoa possa existir num estado permanente de felicidade absoluta. E imaginar que existe uma vida assim só acrescenta mais infelicidade à nossa vida.
É uma revelação e tanto descobrir que o lugar para onde você quis fugir é exatamente o mesmo lugar de onde fugiu. Que a prisão não era o lugar, mas a perspectiva.
Você não precisa entender a vida. Precisa apenas vivê-la.
Em resumo, a Biblioteca da Meia Noite é sobre querer fazer a vida valer a pena. Se ler, me fala o que achou? Até a próxima! 😉
Peguei a dica do livro ouvindo o podcast e achei ele em áudio no Spotify. Confesso que a reflexão trouxe um alívio para os meus dias. Por vezes ficamos remoendo aqueles erros que "atrasaram" nosso progresso na vida e onde eu poderia estar se tivesse feito escolhas diferentes.
Agora percebo que ao corrigir um erro, outro desvio viria, algo que poderia ter sido ainda pior. Mas principalmente me fez ver que eu estou a qui hj e o que eu faço daqui pra frente é o mais importante.
Obrigada pela indicação.